Deus entre as fraldas e mamadeiras

Ficou mais difícil encontrar tempo para Deus depois da maternidade, e isso me fazia sentir culpada.

Antes do Gabriel nascer, eu pensava que não tinha tempo suficiente. Hoje, isso me faz rir. A falta de tempo se torna palpável após a chegada dos filhos. As atividades são intermináveis e o cansaço é constante. Parar para ler algo sem adormecer em 30 segundos é um verdadeiro desafio.

Mas eu sentia falta dos meus momentos com Deus. Sentar, fazer perguntas, esperar as respostas, chorar com elas. Sentia-me triste por não conseguir estar perto do meu Pai. Até que um dia, enquanto colocava o Gabriel para dormir, o Espírito Santo sussurrou em meu coração: "Eu estou aqui com você. Deixe-me fazer parte da sua maternidade."

Percebi que todas as minhas atividades cotidianas podem ser aceitas por Deus, mesmo as mais humildes. Uma grande obra, como a sinfonia de Beethoven, e uma mãe cuidando de seus filhos se tornam espiritualmente significativas se forem oferecidas a Ele.

Não se trata apenas de fazer minhas atividades como se fossem para Deus, embora isso já faça uma diferença notável na qualidade das ações. Preparar uma refeição como se Jesus fosse comer me faz caprichar muito mais. Mas é o entendimento de que minhas tarefas diárias – de mãe, de esposa, de dona de casa, de trabalho – me aproximam de ser como Jesus. Ao oferecer minhas ações a Ele, simultaneamente me torno mais parecida com Ele.

No final das contas, descobri que a maternidade não me afastou de Deus, mas me trouxe uma nova maneira de estar em Sua presença. Cada pequena tarefa, cada momento de cuidado, é uma oportunidade de me conectar com Ele de uma forma profunda e transformadora, tornando cada instante um ato de devoção. Ao cuidar do Gabriel com amor e paciência, percebo que estou vivendo na prática os ensinamentos de Jesus, cultivando compaixão, humildade e gratidão. Esta dedicação intensa às pessoas que amo é o jeito mais amoroso de Deus de me ensinar a estender esse amor e cuidado também às pessoas que não conheço, com amor, um passo de cada vez.